Arqueologia: eu e Tron

Quando eu assisti o filme Tron pela primeira vez eu delirei. Imaginem que eu era uma criança com 5 ou 6 anos. (Explico: Nasci em 77, o filme foi lançado em 82. Assisti o filme na TV, logo, um ou dois anos depois do lançamento do mesmo nos cinemas).

Nessa época eu sequer tinha ganhado meu Atari (primeiro ‘computador’ que eu teria) e o mais próximo que tinha chegado de um videogame foi num fliperama onde meu pai havia me levado (e de uma vaga lembrança de um Telejogo Philco/Ford que um tio rico tinha).

Sim, isso funcionava e era até divertido

Mesmo assim… O filme me marcou tão profundamente (ui!) que, tempos depois, quando eu tive acesso ao meu primeiro computador (um MSX Expert da Gradiente que tenho funcionando até hoje) a primeira coisa que fiz foi tentar programar o jogo das ‘bikes’ pra ele.

Expert igualzinho ao que eu tenho

Mas tinha um problema… eu não sabia programar nada! Então meu pai me matriculou numa escolinha que ensinava programação (LOGO e Basic Apple). Eu chegava da aula todo dia e tentava criar o jogo no meu computador. E demorou até eu ter algo que funcionasse.

Algum tempo depois ganhei um livro onde, em um capítulo, eles implementavam o jogo com o nome “Pedalando”. Fui todo animado ler o código fonte deles pra ‘roubar’ algumas melhorias e tive um sentimento misto de decepção e orgulho ao ver que a implementação deles era inferior à minha (eu tenho esse livro também mas ele está num depósito tão entulhado que deu preguiça de pegar).

“A edição que eu tenho tem capa azul e uma tartaruga Logo na capa!

O tempo passou, as fitas cassete onde gravava essas coisas mofaram (literalmente) e eu acabei perdendo essa versão do jogo.

Mas a minha mania de implementar “Tron” em todos os computadores, sistemas operacionais e linguagens de programação onde tinha acesso não se perdeu.

Tela inicial do jogo (note o meu dom para o design)

Entre 1990 e 1994 eu fui desenvolvendo a última versão de Tron que implementei. Não demorei 4 anos pra desenvolvê-la mas ao longo desses 4 anos fui ‘evoluindo’ minhas habilidades como programador e usava esse código para testar várias coisas novas.

Enfim. Pra quem quiser ver o código fonte é só visitar o repositório dele no Github. Ele foi desenvolvido com Turbo Pascal 6.0 e depois com Turbo Pascal 7.0. Não preciso dizer que o código é velho, não funcionará em nenhum computador que use um sistema operacional ‘moderno’. Se você tiver uma imagem com MS-DOS em algum lugar é provável que as coisas funcionem. Os arquivos com as músicas (no formato .mod) não estavam mais nos meus arquivos, portanto, coloquem qualquer uma ou joguem sem música :D)

Mas a história não acaba aqui…

Sempre gostei de música eletrônica e andava de um lado pra outro com discos do Kraftwerk, Bomb the Bass, House & Remix Internacional, etc debaixo do braço.

Homework (acreditam que me roubaram o CD e só tenho o encarte?)

Alguns anos depois disso tudo eu tive uma época onde queria ser “DJ” e um amigo meu que curtia um tipo de som mais ‘underground‘ me emprestou um CD chamado Homework de um grupo chamada Daft Punk. Gostei tanto do CD que acabei comprando desse meu amigo (por uma grana alta!).

E os capacetes tem LEDs que exibem mensagens 😀

Desde essa época venho acompanhando o trabalho da dupla de franceses que usam capacetes muito malucos. Gostei de muita coisa que eles fizeram. Outras coisas não gostei tanto assim. Mas no geral sou fã do trabalho deles.

Pretendo assistir a estréia no IMAX 3D! 😀

Agora vocês imaginam o meu estado de ansiedade pra assistir Tron Legacy.

Trata-se “apenas” da continuação do filme que mudou a minha vida e que determinou tudo o que eu faria até hoje, com uma trilha sonora de uma dupla de músicos da qual eu sou fã desde a época em que eles eram considerados ‘underground’.

Filmes como Guerra nas Estrelas, Matrix, Explorers, etc foram muito importantes na minha infância mas Tron fez toda a diferença.

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