$oftware Livr€

Pra não dar muito trabalho pra escrever esse artigo não vou ficar fazendo links para a discussão que se iniciou com um post sobre o modelos de negócios com SL. Para quem quiser mais detalhes sigam os links do br-linux.org.

Esse artigo é antigo e já não reflete a minha opinião pessoal. Mantive aqui apenas para registro histórico.

A referência que fiz ao meu apelido ‘xiita’ induz o leitor a entender que isso é sinônimo de ‘radical’. O tempo e o estudo me mostraram que nada poderia estar mais longe da verdade. Xiitas são uma vertente do islamismo e, como tal, prega a tolerância e a paz.

Osvaldo

O Software Livre apareceu na minha vida a partir do ano 2000 quando fui contratado pela Conectiva S/A (Mandriva) para integrar a equipe de P&D e trabalhar no desenvolvimento do Conectiva Linux. Poderia dizer que eu já mexia com isso antes mas estaria exagerando já que o máximo que eu fazia era disponibilizar os códigos fonte de meus softwares (feitos em Clipper Summer’87 :)) para meus clientes. São só 8 anos mas tempo o suficiente para entender e ver muitas coisas acontecerem.

De 2000 pra cá passei por muitas empreitadas e passei por lugares onde recebi apelido de ‘xiita’ (por causa do entusiasmo pelo SL) e sou tratado como ‘traidor do movimento’ quando digo que sonho em ter um Apple rodando OS X.

Fazendo uma retrospectiva por todos esses 8 anos eu posso perceber uma certa coerência entre meus ideais e minhas atitudes. Evidentemente algumas idéias mudaram e outras atitudes também mas a essência permaneceu a mesma: Eu gosto de software bom.

Ser livre ou proprietário é só um dos critérios (importantes) que uso para avaliar a qualidade de um software. Se eu gosto de um software proprietário e acho que o valor cobrado por ele é correto eu certamente pagarei. Já comprei licenças de software para meu antigo Palm, licença para o Nero Burning ROM, anti-vírus NOD32, e até mesmo a do Windows OEM que veio com meu Notebook (nesse caso eu não acho o software bom, mas ele era necessário para rodar o Nero :))… mas jamais comprarei uma licença do Microsoft Office (detalhe: sou fanático por planilhas eletrônicas desde o 1-2-3 e acho o Excel a melhor planilha que existe atualmente).

Eu também tenho alguns softwares piratas rodando na máquina com Windows (principalmente a alternativa ao GIMP :P) e isso é algo que me deixa desconfortável pois sou daqueles radicais que acham que pirataria é contravenção. Prometo adquirir esse software assim que surgir uma promoção para estudante (ele é muito caro mas vale o preço).

O critério do software bom serve para definir minhas escolhas no uso de um software mas faço toda a força do mundo para que os softwares que desenvolvo sejam Livres ou, no mínimo, OpenSource. Mesmo que seja um software desenvolvido no trabalho. Meu histórico de desenvolvimento de sofware livre é pequeno e nenhum deles “emplacou” mas isso não fez com que eu deixasse de acreditar no modelo pois, afinal, eu os desenvolvo principalmente para os meus propósitos (ou para os propósitos da empresa onde trabalho). Se outros acharem útil e quiserem colaborar ótimo mas caso contrário está bom também.

É muito difícil ganhar dinheiro desenvolvendo e vendendo software livre e quando esse dinheiro começa a entrar nunca estará na mesma proporção da entrada financeira de um software proprietário. Mas ao tentar ganhar a vida “vendendo” software o autor precisará muito mais do que código para se sustentar. Ele precisará de muita criatividade, muita paciência, um bom planejamento, uma pitada de sorte e uma visão realista do mundo.

Idéias não faltam para que isso dê certo e muitas empresas espalhadas pelo mundo já comprovam isso, mas no Brasil a coisa ainda é um pouco mais complexa pois uma série de fatores como educação deficiente, preguiça, ‘malandragem/jeitinho’, ‘lei de Gerson’ e muito discurso dificultam o desenvolvimento de um modelo baseado no SL aqui no Brasil.

O próprio autor do manifesto citado no artigo do br-linux.org era um dos que passavam horas escrevendo seus “e-mails-discursos” ao invés de trabalhar no desenvolvimento de seu software. O software que ele desenvolveu também poderia ter sido feito em forma de colaboração para outros projetos (plugin pro Webmin?) mas não foi. Como um desenvolvedor pode querer colaboração para seu projeto se nem ele foi capaz de (ou se interessou em) colaborar com outro projeto?

Com relação à contribuição e à comunidade brasileira de SL: esqueça. A comunidade brasileira de desenvolvedores de SL é quase uma obra de ficção. O brasileiro quer “parasitar” o software livre. Ele quer usar o software “de graça” e não fazê-lo ou melhorá-lo. É evidente que temos grandes excessões mas elas servem apenas para confirmar a regra.

Os brasileiros acham que usar SL e ficar repetindo as palavras do Stallman bastam, mas esquecem que software é feito de código e que sem ele nada vai existir ou melhorar.

Portanto os meus conselhos para quem quiser se envolver com o desenvolvimento de SL são:

  1. colabore com algo que já exista!
  2. se não existir ou não for possível colaborar: faça!
  3. faça mais!
  4. escreva, documente e desenvolva em inglês. Não use a língua portuguesa para não limitar os seus colaboradores a 0.
  5. lance o software (divulgue-o em todos os lugares possíveis).
  6. use-o.
  7. não espere nada em troca.
  8. não espere nada em troca mesmo (principalmente de brasileiros).

Acredite, você será recompensado.

Update: Eu reli o meu texto depois de publicá-lo e percebi que, apesar de ter citado a existência de desenvolvedores brasileiros que colaboram com SL, eu não dei a ênfase necessária (e até peguei um pouco pesado demais). Pois bem, existem desenvolvedores brasileiros de SL e a quantidade deles vêm aumentando recentemente mas navegando por sites especializados como o ohloh.net ou o sf.net é possível ver que ainda falta muito pra gente ser notado no meio das comunidades de SL.

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