foto com uma estante lotada de livros não identificáveis

Livros para programadores

Atualizado em 14/06/2022.

Episódio 1

Os amigos que me conhecem sabem que adoro livros. Para o desespero da minha mulher e das finanças da casa tenho o mal hábito de comprar muito mais livros do que consigo ler.

Recentemente isso ficou pior porque comprei um leitor eletrônico que permite comprar coisas com um toque na tela. Pelo menos o problema com o espaço para os livros foi resolvido.

Programo computadores desde muito cedo mas nunca tive muito estudo formal sobre o assunto (não sou graduado) então sempre dependi dos amigos mais inteligentes e dos livros para aprender as coisas. Alguns foram bem importantes pra mim e esses eu vou listar aqui.

Os meus caminhos de aprendizado sempre foram tortuosos e fragmentados então a lista não tem nenhuma sequência que precise ser seguida. Estão na ordem como fui lembrando deles.

Os livros com links são os que ainda podem ser adquiridos pela internet e que eu ainda recomendo a aquisição por não estarem defasados.

Se você tem sugestões de livros que foram importantes para você, escreva nos comentários.

Revistas de Eletrônica

Ok, não são livros mas foram importantes para mim. Antes de programar eu brincava de montar circuitos eletrônicos. Como eu era muito novo (uns 9 anos) não me lembro de muitos detalhes de todas as revistas mas algumas foram especiais:

  • Experiências e Brincadeiras com Eletrônica Júnior – gostava tanto dela que ganhei uma assinatura do meu pai. Era publicada pela editora Saber e tinha projetos mais simples e menos “sérios”. Adequado para crianças.
  • Be-a-Bá da Eletrônica – Era formatada como mini-cursos e cada edição abordava um tópico específico. Trazia uma placa de circuito impresso para fazer a montagem do circuito principal.

Infelizmente nenhuma das duas é publicada mais. Acho que a revista que chega mais próximo delas é a Eletrônica Total da Editora Saber.

Aprendizado Inicial

Quando eu comecei a aprender a programar as únicas fontes de informação que eu tinha eram os 2 livros que acompanhavam meu computador e a revista Micro Sistemas. Numa segunda fase, também de aprendizado inicial, passei a estudar mais a fundo o universo dos IBM PCs e do MS-DOS.

Livros

manuais-msx
  • Basic MSX – da editora Aleph e editado pelo famoso Prof. Pier (Pierluigi Piazzi). Era uma referência com os comandos e funções da linguagem Basic que acompanhava meu computador.
  • Dominando o Expert – também da editora Aleph e editado pelo Prof. Pier. Era um curso introdutório de informática usando Basic. Foi com esse livro que digitei meus primeiros comandos num computador.
  • Clipper Summer’87 Cartão de Referência (Rubens Prates) – não é bem um livro mas aprendi o básico de Clipper.
  • Clipper Summer’87 vol. 1 e 2 (Antonio Geraldo da Rocha Vidal) – com esses livros aprendi a desenvolver aplicativos comerciais e, a partir desse ponto, passei a trabalhar com programação. Tinha 12 anos.
  • Algoritmos e Estrutura de Dados (Niklaus Wirth) – apesar do livro não usar Pascal nos exemplos de código eu conseguia facilmente adaptar o código para Pascal (do Turbo Pascal 4 até o Turbo Pascal 7). Foi quando aprendi a programar em Pascal. Na minha opinião, hoje, existem livros melhores sobre estruturas de dados e algorítmos.
  • C Completo e Total (Herbert Schildt) – eu aprendi a programar em C “sozinho” mas sonhava em comprar esse livro. Como não tinha dinheiro eu lembro de ir até a livraria para ler ele. Só depois de velho consegui verba pra comprar uma cópia dele pra mim.
  • MS-DOS Avançado (Ray Duncan) – livro que ensinava desenvolvimento de software para DOS em Assembly e C.

Como vocês notaram o meu aprendizado era focado mais em novas linguagens de programação e em programação “baixo nível” (única exceção foi o Clipper que usava para “pagar as contas”).

Revistas

microsistemas
  • Micro Sistemas – “A primeira revista brasileira de microcomputadores” era o subtítulo dessa revista. Ela vinha com reportagens e listagens de programas enviados pelos leitores (publicaram um artigo meu).
  • CPU MSX – Comprava algumas edições dessa revista também. Também tinha artigos interessantes sobre jogos e programação mais avançada (muito tempo digitando as listagens com códigos hexadecimais dos programas em linguagem de máquina).
  • INPUT – Coloquei em Revistas porque ela vinha em fascículos mas, depois de encadernadas, produziam 5 volumes enciclopédicos. Essa coleção, até hoje, é uma referência para questões didáticas. Sempre que preciso explicar alguma coisa para alguém recorro à essa coleção para ver qual a abordagem que eles usaram.
  • Microcomputador Curso Básico – 2 volumes da editora Globo (ou Rio Gráfica). Folheava tanto esses livros que eles acabaram gastos. Gostava da seção Raio X onde eles tiravam fotos de vários computadores abertos e apresentavam a ficha técnica deles. Ficava imaginando o dia que poderia ganhar alguns deles 🙂

Fase Unix/Linux

Eu me divertia horrores programando para essas máquinas com “tela preta”. Vocês não imaginam a minha tristeza quando todo mundo começou a usar interfaces gráficas (Windows).

A coisa legal é que, bem nessa época, eu fui até uma feira em São Paulo (Fenasoft) onde vi um troço chamado Unix. Era uma estação da Silicon Graphics no estande da Globo. Ela tinha interface gráfica mas você ainda tinha que digitar comandos num terminal texto para operá-la. Provavelmente era um Irix.

Como eu tinha um PC/Intel em casa, eu não conseguiria rodar esses Unixes que vi na feira e comprar uma máquina daquelas… fora de cogitação. Fiquei com aquilo martelando na minha cabeça até começar o meu estágio e operar um 386 com SCO Unix (e outro com Xenix).

Vi que existiam Unixes para PC/Intel, mas todos eram caríssimos (não rolava piratear porque não davam acesso aos disquetes originais para um reles estagiário).

Quando reclamei sobre isso com um amigo que estudava computação no Ibilce ele mencionou um tal de Linux. Pedi para um “cara” na cidade que tinha internet rápida e um gravador de CDs gravar um CD com Linux pra mim e assim ele o fez. Era um Slackware.

Decidi aprender a usar aquilo e, para isso, precisava instalar mais um SO no meu computador que já tinha MS-DOS, Novell DOS 7, OS/2 (usado na minha BBS) e Windows 95/98.

Me dediquei com afinco (precisou porque apanhei muito) até aprender bem a usar aquilo.

Mas a coisa ficou séria mesmo quando, por uma dessas pegadinhas do destino, eu comecei a trabalhar na equipe de desenvolvimento do Conectiva Linux em Curitiba.

Quem me ajudou mesmo foram os colegas de trabalho… Mas alguns livros que li na Conectiva e, posteriormente, nos diversos outros lugares em que trabalhei ajudaram muito também.

Livros

  • Aprenda em 24 Horas Unix (Dave Taylor) – sério. Muita gente tem preconceito contra esse tipo de livro, mas para um cara que já conhece várias coisas e precisa aprender a “se virar” com uma tecnologia nova eles são ótimos. É um livro para iniciar e te dar referências para aprofundar os estudos.
  • Maximum RPM (Edward C Bailey) – não é um livro sobre programação (fala sobre fazer pacotes RPM para RedHat) mas foi um divisor de águas. Nem é um livro bom, mas aprendi a fazer build de vários softwares (e entender o ./configure; make; make install). Além disso, ele é em inglês e, digamos, eu não lia nada em inglês na época. Precisava aprender a fazer pacotes RPM se quisesse garantir meu emprego na Conectiva. E garanti.
  • Expressões Regulares Uma abordagem divertida (Aurélio Jargas) – o Aurélio era meu colega de trabalho e aprendi Expressões Regulares com ele pessoalmente e não com o livro. Mas tudo que ele me ensinou está no livro também, logo, vou colocar ele nessa listagem. É impressionante a didática dele para ensinar um assunto tão complicado.
  • Shell Script Profissional (Aurélio Jargas) – o mesmo caso aqui. Eu não li o livro, mas boa parte do que sei sobre programação shell eu aprendi com o Aurélio. O conteúdo que ele me passou está todo aí.
  • Instant Python (Magnus Lie Hetland) – ok, é só um artigo sobre Python e não um livro. Mas esse artigo (traduzido pelo meu chefe) me apresentou a linguagem Python e, desde então, essa tem sido a minha principal ferramenta de trabalho. Mesmo tendo aprendido novas linguagens e trabalhado com outras sempre volto a trabalhar com Python. Dá para acreditar que aprendi Python com esse artigo?

Fase OOP – Object Oriented  Programming

Depois que saí da Conectiva tive um breve período como sysadmin em uma empresa e desenvolvia mais scripts do que aplicações “de verdade”.

Mas depois desse emprego circulei por diversos outros onde, de fato, voltei a programar computadores mais seriamente.

Como a maioria desses trabalhos usavam linguagens com paradigma orientado a objetos acabei focando em livros que tratem esse tipo de assunto.

  • Fundamentos do Desenho Orientado a Objetos com UML (Fundamentals of Object-Oriented Design in UML) de Meilir Page-Jones – esse livro foi responsável pela minha “iluminação” com relação ao desenho orientado a objetos. Até então eu só tinha feito código procedural (mesmo em Python!) porque não entendia muito sobre o OOP. O livro usa UML para ilustrar os assuntos mas ele usa UML como deve ser usada: apenas para ilustrar algum conceito. Nada do pedantismo da UML e seus vários tipos de gráficos. Infelizmente a versão traduzida desse livro saiu de circulação, mas ainda é possível encontrar o original em inglês.
  • Padrões de Projeto ou Design Patterns (GoF) – a primeira parte desse livro é importante e tem várias ideias importantes para qualquer programador que queira usar OOP. A segunda parte é mais para referência, mas tem alguns patterns bacanas.
  •  eXtreme Programming Explained (Kent Beck) – livro que me apresentou o conceito de programação “ágil”, testes automatizados, refatoração, etc. Não tem código mas os conceitos são extremamente poderosos. E o Kent Beck é um excelente autor. Tem uma capacidade invejável de explicar qualquer coisa de forma simples. Esse livro teve uma tradução muito boa mas parece ter saído de circulação.
  • Refatoração ou Refactoring (Martin Fowler) – livro elabora melhor a idéia de refatoração citada no livro de XP do Kent Beck. O capítulo sobre “Bad Smells” (Mal cheiros) foi escrito pelo Kent Beck e é uma das melhores partes do livro. Atualização: saiu uma segunda edição desse livro e uma boa tradução dessa segunda edição. Os exemplos do livro, que eram em Java, agora estão em Javascript.
  • Pragmatic Programmer (David Thomas & Andrew Hunt) – ganhei esse livro de um amigo e, para mim, ele é fundamental. Todo programador deveria ler. Fala sobre um monte de coisas. De ética à teste automatizado. De técnicas de depuração às linguagens de programação.
  • Code Complete 2nd ed. (Steve McConnell) – esse livro fala sobre assuntos muito similares aos que você encontrará no Pragmatic Programmer. A diferença é que neste livro ele usa uma abordagem menos “pragmática/ágil” e se aprofunda mais nos assuntos. É um livro bem mais denso. Li a versão original, mas já existe tradução.
  • Test-Driven Development by Example (Kent Beck) – eu já tinha lido sobre TDD no livro de XP do Kent Beck mas não tinha a menor idéia do que ele estava falando. Já nesse livro aqui eu consegui compreender a mecânica da coisa. O Kent Beck tem o dom de escrever as coisas de forma simples e objetiva. Vale a pena. (Atualização: remoção da referência sobre a tradução pois aparentemente ela parou de ser editada)
  • (Atualização) Growing Object-Oriented Software, Guided by Tests (Steve Freeman) – o livro do TDD by Example do Kent Beck é a melhor introdução ao tópico, mas ele vai até o ponto onde ele te ensina a testar. Esse livro aqui te pega nesse ponto e leva adiante para te ajudar a testar software real.
  • Clean Code (Uncle Bob) – apesar do autor ser um ser humano desprezível o conteúdo técnico desse livro é bom e escrito de forma simples e fácil de ser compreendida. Nesse livro o Uncle Bob fala sobre como escrever código limpo e bem arquitetado. Existe uma tradução desse livro mas eu provavelmente não recomendaria porque a editora que publica a tradução tem uma péssima reputação nas suas traduções. (Atualização: Adição desse livro)
  • Advanced Programming in the UNIX Environment (Richard Stevens) – esse livro não era meu e nem cheguei a ler ele inteiro. Para ser honesto eu li uns 2 ou 3 capítulos apenas. Mesmo assim tudo o que eu sei sobre sockets e sobre chamadas como fork/exec do Unix eu aprendi nesse livro. Esse tipo de conhecimento é superimportante para programadores e existem diversos livros que tratam dele. Esse do Stevens é o que mais me ajudou. (Atualização: eu recomendaria provavelmente o livro The Linux Programming Interface atualmente. É um livro ótimo, mais moderno e atual e não perde muito tempo com alguns assuntos que já caíram em desuso)
  • Introduction to Algorithms (Cormen, Leiserson, Rivest, Stein) – obviamente não li esse livro inteiro. Mas foi o livro que me ensinou o significado da notação big-O para eficiência de algoritmos. Ele ensina a calcular, mas confesso que foi além da minha capacidade intelectual. O restante do livro pode ser lido, mas me parece mais adequado para consulta e referência. Ele lista diversos tipos de algoritmos. Existe tradução.

Conclusão

Depois desses livros eu comecei a me interessar por outros assuntos voltados ao empreendedorismo que também foram muito importantes. Mas vou deixar isso para outro artigo.

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