placa na fachada de uma loja com os dizeres "internet open"

Negócios na “internet fechada”

Já faz algum tempo que acompanho o desenvolvimento de novos negócios de tecnologia ao redor no mundo. Por conta disso participei e participo de vários eventos dessa área no Brasil. Eventos onde empreendedores apresentam suas idéias, fazem seus pitches, demonstram seus produtos e buscam melhorar o seu relacionamento com outros empresários, investidores e até mesmo com seus clientes.

Nessas apresentações eu já vi todo tipo de negócio na área de tecnologia. Negócios que funcionam nos mais diversos tipos de plataformas. As plataformas mais comuns são a Web e a Mobile.

Quando um empreendedor começa a desenhar o seu modelo de negócio ele precisa pensar em diversas coisas e nesse processo ele eventualmente se coloca em uma armadilha que dei o nome de “internet fechada”. Já explico o que isso significa.

Todo mundo sabe que a internet é uma rede aberta, com padrões e protocolos abertos. Essa abertura da internet permite que você faça o que bem entender com ela (desde que não seja ilegal) sem se preocupar com nada. Na internet aberta ninguém tem poder de te censurar sem motivo razoável.

Mas existem plataformas dentro da própria Web onde existem regras mais rígidas que mudam frequentemente.

Se o empreendedor baseia toda a sua estratégia de negócio e desenvolve uma aplicação Web para o Facebook, por exemplo, ele fica sujeito às regras do Facebook. E no Facebook eles mudam essas regras o tempo todo.

O risco do Facebook inviabilizar o negócio desse empreendedor é muito alto. O empresário está lá trabalhando para aumentar a sua empresa e num dia de manhã, quando abre a sua Inbox, dá de cara com uma “Alteração nos Termos de Serviço”. Nessa alteração o Facebook proíbe ele de fazer algo essencial para atender os seus clientes.

O impacto dessa mudança nos Termos de Serviço pode até não ser fatal mas certamente vai dificultar muito as coisas para esse empresário.

Outra característica das plataformas fechadas é a de que os clientes nunca serão 100% do empresário em questão. Os clientes são da tal plataforma. Ou você acha que o Facebook vai te entregar os usuários deles?

Quando eu conversava sobre esse assunto com um amigo que desenvolve Apps para celular ele me perguntou se o mesmo não acontece nas lojas de aplicativos? Ele citou dois problemas principais: as regras mudarem de forma a impedir que sua App seja vendida na loja e o caso onde a fabricante da plataforma (ex. Android ou iOS) fornece uma App parecida com a sua integrada no aparelho.

No primeiro caso o problema é bem parecido com o da internet fechada. O segundo não.

A Apple é bem conhecida por suas mudanças de regras que levam empresas inteiras a passarem por dificuldades. Apps que promoviam outras Apps sofreram muitas restrições de funcionamento. Outras que vendiam livros, música, filmes, etc… sofreram barbaridade com a proibição de vendas a partir da App.

Pense nos empresários que investiram alto para criar esses produtos e acordaram um dia sem nada. Se a App estiver disponível para Android a coisa fica menos pior mas o impacto vai ser grande mesmo assim. No mundo do Google/Android a coisa é um pouco mais tranquila mas o risco está lá.

O segundo caso, quando uma a fabricante lança uma App similar já integrada com o SO, é diferente porque ela não proíbe você de negociar sua App.

Para resolver esse problema é só o empresário fazer a App dele ser preferida pelos seus clientes. A Apple tem o iMessage nem por isso o WhatsApp sofreu. As coisas ficam mais difíceis mas não impossíveis.

Portanto, a dica que fica para os futuros empreendedores é: não amarre o seu “core business” à internet fechada.

Integre sua aplicação com o Facebook, Twitter, etc. sem problemas. Mas faça isso de um modo onde seja possível trabalhar também de forma desacoplada: na internet aberta.

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