Foto com o zoom de um bloco de notas cheio de coisas escritas em um idioma não identificável e uma mão segurando uma caneta

Publique-se!

Eu produzo conteúdo técnico sobre programação e carreira desde que esse negócio de “produzir conteúdo” se chamava blogar.

Nunca fui um blogueiro prolífico, mas sempre tentei deixar meus aprendizados e ensinamentos públicos ao longo do tempo. O meu blog pessoal mudou de nome e propósito várias vezes nessa jornada. Ele já se chamou “aCiDBaSe” (o meu ‘nome hacker’ da era IRC), Pythonologia (na minha época “Python Promoter”), Blog da Triveos (quando tive minha empresa) e, hoje, ele é só um humilde blog WordPress com 5 plugins e tema padrão rodando na minha humilde (mas excelente) hospedagem (link com meu referral) compartilhada onde também hospedo meus e-mails longe de provedores que podem decidir fechar minha conta unilateralmente.

Sempre desejei produzir conteúdo e compartilhar as coisas que aprendi. Mas desenvolver a disciplina para fazer isso com regularidade e uma boa frequência sempre foi um problema.

Ainda não sou o cara que gostaria de ser e não produzo tudo o que gostaria de produzir, mas recentemente eu comecei a me sentir melhor comigo mesmo nessa tarefa e, como consequência, a disciplina foi melhorando.

Como sou um nerd que gosta de listas, eu vou enumerar aqui as mudanças que fiz na minha vida e nos meus processos que fizeram tudo ficar melhor e mais fácil:

Me respeitar

Eu me sentia mal por não produzir conteúdo. Me pressionava o tempo todo sobre isso e me sentia mal quando não conseguia corresponder às minhas próprias expectativas.

Quando comecei a trabalhar isso na terapia, eu fui me dando conta que isso não é uma obrigação e que não atender a essa necessidade era algo compreensível. A angústia foi diminuindo e hoje eu estou bem melhor com o volume de coisas que faço.

Significa que é fácil ou que tiro isso tudo de letra? Nem de perto. Mas quando a angústia e a ansiedade surgem eu consigo buscar a origem dela e trabalhar melhor o problema.

Remover distrações

Eu comecei a fazer isso bem antes do meu diagnóstico de TDAH, mas certamente foi um divisor de águas no processo. Mesmo sem saber do TDAH, eu já tinha percebido que uma fonte de impedimentos para minha produção eram as distrações.

Que tipo de distração? Com ferramentas.

Um GIF animado mostrando um cara que precisava fazer só uma coisa mas acaba entrando em um loop interminável de tarefas não relacionadas à tarefa que ele precisava realizar
Yak Shaving

Toda vez que eu tinha uma ideia sobre algo para postar no blog, eu entrava na interface de admin, atualizava tudo, trocava o tema, tentava exportar o conteúdo para outro CMS, testava YA-ferramenta-geradora-de-sites-estáticos, testava um plugin novo, conferia o SEO e analytics do site… um processo infinito de Yak Shaving.

Como eu disse acima: hoje eu uso WordPress na minha hospedagem (que oferece one-click-installation de WordPress) no meu domínio onde já rodo meus e-mails. Deixo autoatualização ligada para tudo. Tenho só uns poucos plugins de segurança e backup ligados. Coloco tudo por trás do Cloudflare (pacote gratuito) para ter `https` sem ter que ficar instalando/renovando certificados SSL. E uso o tema padrão do WordPress (que muda nos updates major e eu só aperto “accept” do meu lado).

Não tenho que criar, habilitar, configurar, etc. nada para colocar o site no ar e publicar meus textos. Nada de GitHub Actions, static file generation, S3, Cloudfronts, CDNs, etc. (exceto o Cloudflare por comodidade para ter https).

Também não tenho Analytics instalados exceto por um bem básico que vem no plugin Jetpack e um gerado pelo Cloudfront.

A ideia é tornar o processo tão simples quanto clicar em “Novo Post”, escrever, e clicar em “Publicar”.

Conforto

Eu sempre gostei de escrever. Texto mesmo. Escrevi no meu blog, no meu livro, nas minhas redes sociais, etc. Acho que, por gostar de ler, eu sempre gostei de escrever. Na infância até ganhei uns concursos de redação do jornal da cidade.

Mas senti que as novas gerações não estavam mais muito ligadas em conteúdo texto. Decidi me aventurar em novos meios: vídeos.

Investi uma grana pesada porque eu sou (burro) assim: se é para fazer algo, tem que ser perfeito.

Foto do meu escritório onde podemos ver alguns spots de iluminação e equipamento de stream como microfone, câmera, etc
Estúdio “profissional” com equipamento de primeira linha (na foto não aparece mas tem câmera profissional, GoPro, DJI Osmo e até um Drone eu comprei)

Até a chácara da família foi desenhada para ser usada como um estúdio para conteúdos mais “maker” que eu pretendia (ainda pretendo) fazer.

Foto de um galpão em construção
Futuro estúd… digo… chácara da família.

Mas deu tudo errado. Eu descobri que não gosto de produzir vídeos. As únicas coisas dos meus vídeos que me deixavam satisfeitos eram os roteiros. Porque eram textos. Depois dessa etapa era tudo horrível. Principalmente a edição (eu odeio editar video…)

Dei um pause (ainda não sei se é definitivo) no canal. É provável que eu volte a produzir coisas ali só quando eu quiser mostrar meus aspectos mais “make“. E quando eu tiver condições de pagar alguém para editar (repito: eu odeio editar video).

Eu me sinto confortável com texto. É com ele que eu vou trabalhar. Se as pessoas não curtem texto é uma pena. Mas não vou sair do meu conforto para elas. E já tem muita gente boa fazendo video.

Ótimo é inimigo do bom

Eu sou muito chato com o que escrevo. Tudo tem que estar perfeito, completo, com referências, revisado, … Impecável. Isso é um baita muro na minha produção.

Ter começado a publicar coisas incompletas, com erros (que são corrigidas quando apontadas), ou com a qualidade “mais-ou-menos-para-mais” e mesmo assim receber feedback positivo da audiência foi libertador para mim.

Vencer meu preconceito com certas ferramentas, e nem estou falando de IA (ainda), me tornou muito mais produtivo.

Ainda não consegui estudar o suficiente para adotar uma ferramenta de IA no meu fluxo de trabalho, mas é quase certo que vou adotar uma logo. Mais para me ajudar na revisão (e edição) do que na autoria. Por uma questão filosófica, eu (ainda) tenho um certo preconceito com o uso desses geradores na autoria do meu conteúdo (ele seria meu ainda?).

Eu já falei um pouco sobre isso em um post aqui mesmo no LinkedIn. Lá eu falo sobre usar o LanguageTool para revisar e eliminar erros mais básicos do texto.

Seu conteúdo na sua casa

Sempre que o conteúdo que eu produzo se apresenta de uma forma relevante, eu publico ele no meu blog, no meu domínio, na minha hospedagem (ok, não é minha, mas eles não são uma big-tech que ganha dinheiro com meu trabalho).

Esse artigo foi publicado inicialmente no LinkedIn, mas logo coloquei ele aqui também. Na verdade, esse é o primeiro artigo que escrevo primeiro no LinkedIn e só fiz isso porque queria conhecer melhor a ferramenta deles (curti).

Mas a minha recomendação é: tudo o que você produz deveria estar na sua “casa”. E a sua casa deveria ser uma casa própria.

Publique e mantenha seu conteúdo no seu site, na sua hospedagem, no seu domínio, sob suas regras e sob seu controle.

Conhecimento precisa ser livre

Esse item se relaciona um pouco com anterior porque quando produzimos um conteúdo em uma plataforma proprietária como aqui, Medium, Twitter, YouTube, Spotify, etc. a gente entrega o nosso trabalho para um terceiro que passa a ter mais controle do que você sobre esse trabalho.

Não se aprisione. Use essas redes e plataformas para referenciar ou até mesmo replicar o seu trabalho.

Não recomendo muito a replicação por questões de SEO e “findability“, mas se você estiver buscando uma presença nessas plataformas a replicação pode ser uma boa estratégia.

E, quando estiver com seu conteúdo no ar, torne ele facilmente compartilhável. Se você faz seu conhecimento facilmente compartilhável, ele alcança mais pessoas e circula mais livremente.

Mas ele tem que ser compartilhável por meios abertos e com padrões abertos também. Não somente em redes fechadas e proprietárias.

RSS (Really Simple Syndication)

A maneira que eu defendo (e promovo/agrego) o compartilhamento do seu conteúdo é através do RSS. Mas eu só considero um RSS correto quando ele é completo e não somente um resumo com um link de “leia mais/read more”.

Aaron Swartz, grande ativista do compartilhamento livre, um dos criadores do RSS

Todos os sistemas de publicação sérios suportam RSS (ou Atom que dá no mesmo).

Disponibilizar seu conteúdo por RSS/Atom é mais do que só compartilhar. É um ato político no sentido de retomar a Internet das mãos das grandes empresas de tecnologia.

O formato RSS foi co-criado pelo ativista Aaron Swartz, que acreditava e defendia a liberdade e a democratização do acesso ao conhecimento. Ele morreu por isso.


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