Desde antes do Linux surgir ou da idéia de Software Livre ser conhecida entre as pessoas aqui no Brasil eu já era defensor deste modelo. Quando eu desenvolvia meus sistemas em Clipper para os meus clientes tratava logo de deixar o código fonte com eles e já deixava claro pra eles que se eles preferissem entregar a manutenção para outro desenvolvedor eles estariam livres para fazê-lo.
Discurso padrão: serei um pouco contundente em alguns trechos deste artigo. Farei algumas generalizações para facilitar mas, acredite, alguns brasileiros simplesmente não se encaixam no público alvo deste artigo.
Ok, essas liberdades que eu dava para meus clientes não chegavam nem perto das reais liberdades que os softwares licenciados pela GPL, por exemplo, oferecem hoje. Mas as minhas intenções eram as mesmas.
Desde que entrei de cabeça neste universo livre percebi que todos esses softwares que existem hoje foram ao menos iniciados a partir de esforços voluntários de uma comunidade de desenvolvedores, artistas, documentadores, etc.
Esses voluntários estão espalhados por todos os lugares do mundo inclusive no Brasil. E é sobre a participação brasileira que gostaria de comentar.
Atendendo à um pedido de um colega de trabalho comecei a fazer uma pequena pesquisa informal e não-científica sobre a participação de brasileiros no desenvolvimento de software livre e fiquei muito feliz em ver que esses brasileiros contribuem com vários projetos. Obviamente ainda é uma fração praticamente irrisória de contribuições se compararmos com países da europa, por exemplo, mas já é alguma coisa.
Essa pequena pesquisa também serviria para coletar alguns nomes de profissionais que fizeram alguma colaboração com código para algum desses projetos para buscar alguns talentos para vir trabalhar comigo na mesma empresa onde trabalho.
Aí veio a decepção. Infiltrando mais à fundo nas colaborações desses brasileiros foi possível notar que a contribuição nossa com código para esses projetos é tão pequena que faz qualquer um ficar decepcionado.
É claro que contribuir com documentação, traduções, arte, divulgação e uso é importante para esses projetos. Mas e o código? Software Livre não se cria sozinho! Você não liga um computador e o código pula na tela. Não é tão simples assim.
Sempre que eu falo que precisamos colaborar com código para os projetos já escuto logo um: “ah… mas eu traduzi o sistema foobar para o português!” ou “eu fiz um tutorial de instalação da distro ble”. Legal. Parabéns! Mas e aquele bug aberto no bugtrack do sistema foobar? E aquela funcionalidade que as pessoas estão implorando (inclusive você)?
Vamos esperar até o dia que o bug se feche sozinho? Ou que o desenvolvedor principal do projeto use o tempo dele para melhorar a minha vida?
Chegou a hora de parar de nos desculpar por não contribuir com código para os projetos simplesmente porque “eu traduzi as mensagens de erro do kernel!” e começar a anexar patches e fazer commits nesses projetos.
Eu me incluo entre esses “colaboradores de meia pataca”. Procurei pelo meu nome no Code Search do Google e achei um horror o resultado. Afinal já fazem mais de 6 anos que lido com Software Livre e meu nome apareceu em apenas algumas dezenas de ocorrências e, pior, em menos de uma dezena delas a minha contribuição tinha sido com código.
Então eu gostaria de lançar o desafio aqui: vamos todos repetir uma busca por nossos nomes no Google Search daqui a algum tempo e vamos ao menos dobrar o número de ocorrências deles por lá? Mas só vale contar contribuições com código!
Propaganda: Se você quer contribuir com código e quer começar por uma linguagem fácil e poderosa eu já recomendo à você que dê uma olhada na linguagem Python 🙂